A opinião de ...

As Finanças e a maternidade

Correm rumores que ao nordeste serão amputadas 70% das repartições de finanças e 100% das maternidades existentes. Os autarcas, representantes próximos e diretos dos cidadãos estão a manifestar a sua oposição e repúdio de forma unânime independentemente da filiação partidária. Infelizmente não são decisões que estejam nas suas mãos. A decisão passando pelo Governo passa igualmente pela maioria que o apoia. Onde também há representantes do distrito de Bragança! Mas aqui a unanimidade nem chega a ser miragem. Não existe! De um lado é-nos garantido que os encerramentos são já uma realidade que será mostrada no final de Maio devido a um ato deliberado e maquiavélico de malvadez pura e gratuita contra os contribuintes transmontanos. Do outro vem a certeza absoluta que é tudo invenção e pura miragem chegando a afirmar “é um exercício de inutilidade dizer que se vão preparar para lutar contra algo que não existe”.
Se um me fala de intenções e outro traz-me certezas que, ainda por cima, são as que mais me convêm, seria lógico que eu desse a este último todo o crédito que a palavra de um Deputado da Nação merece.
 Soubesse eu que a palavra de um deputado estaria sempre indexada à honra da promessa assumida; aos ideais reais e verdadeiros que se proclamaram em campanha e em nome de que foram eleitos; aos interesses da região que representa;
Soubesse eu que a palavra de um deputado vale mais que os interesses partidários; que a carreira pessoal do próprio deputado; que a conveniência política do partido a que o deputado pertence; que a diretiva que emana do governo que suporta (como se, em lógica invertida – e não é? – fosse suportado por quem suporta);
Mas eu pouco ou nada sei do estatuto dos eleitos da Assembleia da República e apenas sei do que vejo, observo e constato. E o que me é dado ver ao olhar para o parlamento é, por detrás das discussões mais ou menos acaloradas e de motivação evidente, um grupo corporativo enfeudado aos seus próprios interesses em que as chamadas divergências insanáveis apenas se diluem facilmente quando se trata de assuntos relativos aos membros do seu grupo. A ilustrá-lo o recente episódio das homenagens por ocasião do 25 de Abril. A referência póstuma ao capitão de Abril António Alves Marques Júnior que foi deputado mereceu por isso um aplauso devotado e unânime de todo o hemicilo que foi incapaz de igual tributo ao mais desinteressado, mais generoso e mais consensual capitão Fernando José Salgueiro Maia!
E como nada sei, limito-me aos factos. E estes, embora historicamente me aconselhem a desconfiar das más notícias, na realidade ainda nada foi efetivamente passado a forma de letra. Portanto é verdade que nada existe. Mas isso não quer dizer que não haja motivos para a vigilância e para a luta. Porque esta situação faz-me lembrar, ainda que mal compare, com o episódio da vítima de violência doméstica que vai pedir proteção à polícia que lhe responde que à falta de factos concretos nada pode fazer com base em “suspeições e indícios”! Situação esta, infelizmente muito conhecida, não que seja alvo de divulgação especial nos relatórios policiais, antes porque  é dada a conhecer posteriormente em tantos casos em que os temores de quem se queixa tinham fundamento e então já nada se pode fazer para prevenir e mesmo, em muitos outros, nada para remediar!

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