A opinião de ...

Novo pacto para a Europa

A Fundação Rei Balduíno lidera um projeto a que, entre outras, aderiram, na primeira hora a Fundação Bertelsmann alemã e a portuguesa Fundação Calouste Gulbenkian. O objetivo do Novo Pacto para a Europa é promover uma discussão sobre os caminhos que devem ser abertos e percorridos para ultrapassar a atual crise europeia.
 
Antes de se lançar na enorme tarefa de consultar as forças vivas e relevantes do espaço europeu, foi elaborado um relatório com o objetivo de elaborar o diagnóstico da crise e de onde surgiram cinco caminhos alternativos que serão agora testados tendo em vista a melhor evolução da União Europeia e da Zona Euro.
As opções em cima da mesa são:
1 – Regresso ao essencial (reparar os erros do passado)
2 – Consolidação do acervo do passado (não se deve consertar o que não está partido)
3 – Progressão Ambiciosa (fazer mais e melhor)
4 – Salto em frente (a única resposta passa pela união política e económica)
5 – Mudar a lógica do mais/menos europa (É necessário repensar tudo)
 
A primeira e a última são, notoriamente, extremistas e colhem pouco apoio embora devam ser consideradas mais por contraponto das restantes.
 
Era pois uma discussão séria e aprofundada sobres estas três opções que se esperava ver na última campanha eleitoral. Estavam entre os candidatos ao Parlamento Europeu, Marisa Matias uma das melhores deputadas europeias com reconhecimento pelo excelente trabaho que levou a cabo em parceria com Maria da Graça Carvalho, Paulo Rangel vice-presidente do Grupo Parlamentar do PPE, João Ferreira com posições conhecidas e claras sobre o futuro comum e Maria João Rodrigues que é só a relatora indigitada para esta iniciativa. E, infelizmente, nada disto veio à liça!
 
Desse erro já se deu nota e da penalização que justa e parcialmente (a abstenção e os votos brancos e nulos não tiveram qualquer) foi imputada aos “infratores”.
 
Mas isso não resolve o problema. É urgente discutir o futuro comum para lá dos lugarzinhos já reservados no hemiciclo de Bruxelas e Estrasburgo. Se outros o não fazem devemos fazê-lo nós porque, corra bem ou corra mal o futuro europeu irá afetar-nos a todos, irremediavelmente!
 
Numa primeira análise e descartando as opções 1 e 5 parece que a opção 2 apostando na continuidade é incompatível com a 4 que aposta na alteração profunda do atual status quo.
 
Restar-nos-ia a opção três.
 
São muitas, como seria natural, as dúvidas e as incertezas de uma opção tão ambiciosa e abrangente. Dou comigo a concordar com Viriato Soromenho Marques para quem este caminho se assemelha ao sistema descrito por Tycho Brahe para sustentar a sua teoria cósmica:
Para garantir a consistência das observações feitas assumiu que todos os planetas giravam em volta do sol, abrindo portas aos futuros estudos de Copérnico, Keppler e Galileu;
Mas para não irritar a influente e perigosa Santa Inquisição retirou do esquema anterior a terra e a lua. Para não confrontar a tradição religiosa pôs a lua a rodar em torno da terra bem como o sol e todo o restante sistema!
Sem dúvida um solução “política”, conveniente e engenhosa. Mas demasiado complexa e, sobretudo, totalmente errada!
 

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3478

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