José Mário Leite

O LÍTIO, O FERRO E O CHUMBO

Respeitando todas as opiniões não é fácil aceitar o argumento, demasiadamente usado por quem defende a exploração mineira, acusando os que a contestam de não dispensarem os telemóveis que usam baterias de lítio. Se essa argumentação fosse razoável então não haveria como sustentar tantas reivindicações justas e certas pois seria sempre possível encontrar manifestantes automobilizados entre os que reclamam do excesso de tráfego nas cidades e consumidores de produtos orientais entre os que não se calam contra a exploração de mão-de-obra escrava na Ásia.


JÁ NÃO HÁ RESTAURANTES À BEIRA DA ESTRADA

Nos épicos anos de setenta e oitenta, viagens com mais de cem quilómetros eram planeadas, tendo em conta o restaurante onde se haveria de parar não só para descansar, mas também para almoçar, jantar ou só merendar. Ficavam à beira da estrada e eram sobejamente conhecidos. Havia-os que se especializavam em comidas rápidas para os mais apressados ou para ainda ter uma refeição, fora de horas, para os mais noctívagos. Alguns deles abriam e fechavam de madrugada. Já não há. Desapareceram. Por “culpa” das auto-estradas e das vias rápidas.


(IN) JUSTIÇA

Na avenida Abovian, a mais antiga de Erevan, capital da Arménia, junto ao elegante e luxuoso Hotel Alexander, ergue-se uma enorme vivenda, usando como material de construção a negra rocha magmática, tão típica e característica da região. Esta área constituía, no início do século passado, o bairro mais rico e elitista da cidade. Viviam aqui as famílias mais abastadas e esta casa, em concreto, pertencia a uma família de médicos, famosa e bem sucedida. Tal como outras foi perseguida, alguns dos seus membros presos e outros conseguiram escapar.


Memória de papel

O título desta minha crónica poderia, numa primeira análise, remeter para a memória dos computadores que, devido aos trabalhos recentes da investigadora Elvira Fortunato, podem, num futuro breve, basear-se em transístores de papel. Não é disso que se trata, embora ande perto dessa quase realidade que se adivinha para muito breve. Li, recentemente, que a era dos cyborgs será inevitável e está próxima. De facto já começou! Ainda não chegou o homem biónico mas o seu predecessor já existe e está entre nós.


VAMOS VOTAR, CLARO. E DEPOIS?

Um amigo de longa data fez-me chegar um cartoon muito oportuno e que vi, depois, replicado nas redes sociais: um cidadão eleitor fala com outro cidadão falando-lhe de um candidato que jura que, depois das eleições vai baixar os impostos. Responde-lhe o interpelado: “Então diz-lhe que votamos nele depois das eleições...”


O VOTO NO(S) SEGUNDO(S)

O neurocientista Joe Paton confirmava-me, apresentando razões e fundamentos científicos o que uma reflexão sobre o nosso dia a dia facilmente nos mostra: A maioria das nossas decisões não resulta de nenhum processo racional, antes decorre de opções meramente ou maioritariamente emocionais. E não só as normais e comezinhas escolhas diárias, como igualmente as de grande impacto na nossa vida, como a compra de casa e a escolha de uma profissão, disse ele, a filiação partidária e o voto em eleições, acrescento eu.


LA TRAPPOLA (O Retorno Positivo)

A estabilidade dos sistemas complexos e dependentes de algumas variáveis baseia-se num princípio de controlo, geralmente automático, gerado pelo que se designa o Retorno Negativo e que se traduz, de forma simples, no seguinte mecanismo: sempre que um sistema estável é sujeito a uma perturbação, acontece uma reação, que contraria parcialmente o primeiro efeito fazendo com que, o resultado vá diminuindo progressivamente, ficando anulado após um determinado tempo, mais ou menos longo, de acordo com as respetivas características.


PARADOXO AGRÁRIO

Durante milénios, a agricultura foi a principal atividade produtiva da humanidade. Para fazer face às necessidades alimentares adicionais, resultantes do crescimento da população foi descobrindo, desmatando e adaptando novos solos para suportar o aumento das culturas. Esta relação, se mais nada fosse feito, conduziria a uma situação em que já não haveria alimento suficiente e a humanidade teria de ser contida por se ter atingido o ponto máximo da sustentabilidade.


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