José Mário Leite

Memória de papel

O título desta minha crónica poderia, numa primeira análise, remeter para a memória dos computadores que, devido aos trabalhos recentes da investigadora Elvira Fortunato, podem, num futuro breve, basear-se em transístores de papel. Não é disso que se trata, embora ande perto dessa quase realidade que se adivinha para muito breve. Li, recentemente, que a era dos cyborgs será inevitável e está próxima. De facto já começou! Ainda não chegou o homem biónico mas o seu predecessor já existe e está entre nós.


VAMOS VOTAR, CLARO. E DEPOIS?

Um amigo de longa data fez-me chegar um cartoon muito oportuno e que vi, depois, replicado nas redes sociais: um cidadão eleitor fala com outro cidadão falando-lhe de um candidato que jura que, depois das eleições vai baixar os impostos. Responde-lhe o interpelado: “Então diz-lhe que votamos nele depois das eleições...”


O VOTO NO(S) SEGUNDO(S)

O neurocientista Joe Paton confirmava-me, apresentando razões e fundamentos científicos o que uma reflexão sobre o nosso dia a dia facilmente nos mostra: A maioria das nossas decisões não resulta de nenhum processo racional, antes decorre de opções meramente ou maioritariamente emocionais. E não só as normais e comezinhas escolhas diárias, como igualmente as de grande impacto na nossa vida, como a compra de casa e a escolha de uma profissão, disse ele, a filiação partidária e o voto em eleições, acrescento eu.


LA TRAPPOLA (O Retorno Positivo)

A estabilidade dos sistemas complexos e dependentes de algumas variáveis baseia-se num princípio de controlo, geralmente automático, gerado pelo que se designa o Retorno Negativo e que se traduz, de forma simples, no seguinte mecanismo: sempre que um sistema estável é sujeito a uma perturbação, acontece uma reação, que contraria parcialmente o primeiro efeito fazendo com que, o resultado vá diminuindo progressivamente, ficando anulado após um determinado tempo, mais ou menos longo, de acordo com as respetivas características.


PARADOXO AGRÁRIO

Durante milénios, a agricultura foi a principal atividade produtiva da humanidade. Para fazer face às necessidades alimentares adicionais, resultantes do crescimento da população foi descobrindo, desmatando e adaptando novos solos para suportar o aumento das culturas. Esta relação, se mais nada fosse feito, conduziria a uma situação em que já não haveria alimento suficiente e a humanidade teria de ser contida por se ter atingido o ponto máximo da sustentabilidade.


Caim/Cain

Os nomes não são mais do que meras convenções. Se dermos outro nome à flor a que chamamos rosa não perderá por isso o seu perfume diz a Julieta a Romeu no famoso romance de Shakespear de que fiz uma tradução livre. Apesar de tudo nomes há que, parecendo renegar a sua convencionalidade, como que ganham vida própria, agarraram-se à coisa nomeada acabando por perder toda a sua natureza de convenção e transformam-se no objeto que “nomeiam”. Nestes casos torna-se impossível separar o nome da coisa ou de a esta dar outro, que não poderá nunca ser se não uma outra etiqueta qualquer.


Bizarria?! Nem pensar...

Quem tiver o desígnio de ser um bom gestor, se quiser levar o seu intuito a sério e de forma honesta, saberá ou aprenderá a primeira regra da gestão: só se controla aquilo que se conhece. Gerir é controlar. Foi por reconhecer esta verdade quase banal, de tão óbvia, que o legislador, no longínquo ano de 1999, tornou obrigatória a adoção da Contabilidade de Custos mais vulgarmente conhecida Contabilidade Analítica.


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