A opinião de ...

A Festa do Avante 1 - O cair da máscara e o outro lado da moeda

Pontualmente como sempre, a suposta “festa” da reentrada política do PCP, realizada na quinta da Atalaia, ali para os lados da margem sul, de acordo com estratégias bem traçadas, continua a encher manchetes na comunicação, tentando, e muitas vezes conseguindo, vender a falácia de que os comunistas são os únicos donos da verdade, guardiões da democracia, defensores do povo trabalhador e detentores da razão. Tudo bem, nada a contestar e, enquanto tal, a cada um a sua verdade.
Como se neste país, nos tempos que passam, não houvesse nada mais importante e urgente a preocupar os portugueses, com o profissionalismo que o caracteriza, goste-se ou não, ao teimar na caturrice de não suspender a festa da Atalaia, o partido comunista português, conseguiu colocar-se no centro da discussão politica deste Verão de 2020 e monopolizar as atenções para as suas teses de sempre e os seus interesses mais imediatos.
Porque sobre a realização da festa do Avante, com toda a liberdade e com mais ou menos acerto, já muita coisa foi dita, com um trabalho nada fácil, procurei vê-la noutra perspetiva, ouvindo, para o efeito, as opiniões de um naipe diversificado de militantes e simpatizantes do PCP, com permissão para as publicar, garantindo a todos, por razões óbvias, sigilo absoluto sobre a identidade dos autores das opiniões, a seguir transcritas.
- “Nas atuais circunstâncias do país e do mundo, insistir na realização da nossa festa da Atalaia, é uma grande imprudência e um total disparate”.
- “Na minha qualidade de simpatizante de sempre do Partido Comunista Português, acho que é muito imprudente não desmarcar a nossa festa do Avante”.
- “Teimar este ano em fazer a festa do Avante, para mim, enquanto comunista e cidadão português, parece-me uma teimosia estúpida e sem sentido”.
- “Muito sinceramente, por mim, este ano não havia festa. Os nossos dirigentes lá saberão porque não querem desistir e Deus queira que não venham a arrepender-se”.
-“Agradeço a oportunidade de, livremente e sem filtros, dizer o que penso sobre a realização da nossa festa do Avante. Procurando ser breve, vou direto ao assunto. Da mesma maneira que condeno os responsáveis que nos governam pela manifesta ambiguidade e falta de coragem que têm demonstrado sempre que é preciso tomar decisões que mexam com interesses pessoais ou partidários, com muita mágoa e pesar, tenho também de censurar a atitude dos camaradas responsáveis do meu partido pela teimosia e falta de visão politica que os impedem de avaliar o riso que é insistir na realização dum evento desta grandiosidade, risco esse que nenhum retorno financeiro, pretendido e esperado, por mais importante que seja para as contas do partido, nunca justificará um mais que provável risco de saúde pública para o país e para o próprio partido”.
-“Já fui a várias festas do Avante mas este ano, apesar de já ter pago as entradas, não ponho lá os pés. O risco é muito grande e não há festa que valha a nossa saúde”.
-“Quanto a mim, esta festa nunca devia ser realizada porque, se por azar, passados dois ou três dias, um participante testar positivo COVID-19, a DGS fica metida em maus lençóis, sem qualquer capacidade para testar todas as dezenas de milhares de outros participantes, potenciando o aparecimento de um número assustador de novos infetado”s.
-“Quero apenas deixar um recado muito claro as responsáveis do meu partido, lembrando-lhes que não há dinheiro que justifica por em risco a vida dos nossos militantes”.

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