A opinião de ...

De quando em vez…

Carvalho Araújo
Os Açores e a ligação a Vila Real já vem desde 1918, em que o Comandante Carvalho Araújo num acto de coragem, sozinho no seu pequeno navio se opôs a um submarino alemão. Ainda hoje nos Açores os mais velhos recordam que os seus antepassados lhes falavam deste acontecimento.
Em Fevereiro de 1967, após uma comissão de serviço em Moçambique, fomos no nosso percurso militar colocados na Base Aérea das Lajes, ilha Terceira, Açores.
De facto, a ilha Terceira no seu sossego e tranquilidade marcaram em nós o gosto do “mudus vivendi” dos Açores e da sua cultura. Deste modo, 7 anos de presença nessa ilha fizeram que nós nos interessássemos por tudo o que lhes diz respeito. Hoje e sempre que nos é possível, visitamo-la, onde temos sólidas amizades.
Entre outras coisas, pela nossa natural identidade com Vila Real, houve um aspecto que em 1967, na ilha Terceira nos marcou, e que passamos a expor.
Naquele tempo havia um “Vapor” que se tornou célebre em todas as ilhas dos Açores – O Cevalho Araújo – que fazia a ligação entre elas e antes de haver carreiras aéreas.
Era um navio misto, isto é, transportava mercadoria e passageiros. Passava mensalmente e corria todas as ilhas até ao Corvo, a mais pequena de todas.
Assim, ao referirmo-nos a Carvalho Araújo, o herói da 1ª Guerra Mundial 1914-1918, o povo Açoriano pretendeu dar o nome a um navio, que ligou a realidade continental com a complexidade das 9 ilhas, que constituem hoje, a região Autónoma dos Açores.
Foi, exactamente, no mês de Julho de 1967, que fomos ao Faial e tendo a oportunidade de viajar no Carvalho Araújo até ao Pico e São Jorge,
Este navio tinha como lotação, 300 passageiros, distribuídos pelas 1ª, 2ª e 3ª classes. Poderia levar ainda mais 100 passageiros na coberta. Navegava o Carvalho Araújo um bocado adornado a um lado, mas cumpriu sempre a sua missão, durante 40 anos com um esgotante trabalho. Foi abatido ao serviço em 1972.
Este vapor faz parte da História e Cultura dos Açores pelos serviços que sempre prestou ao povo Açoriano.
Hoje ninguém sai das ilhas num vapor, num barco, salvo em vagens de turismo. Do navio Carvalho Araújo ficou a história de uma época, a saudade do passado.
Mais tarde, precisamente no dia 16 de Julho de 1969, fomos ao Faial, também no Carvalho Araújo, coincidindo a nossa viagem de Angra do Heroísmo na ilha Terceira com a saída dos cosmonautas americanos para a Lua, naquela que seria a primeira missão tripulada a pousar naquele planeta.
Recordo, como facto histórico, a célebre frase, proferida por Neil Armstrong ao dar o primeiro passo na leveza do lugar: “um pequeno passo para o Homem, um salto para a Humanidade”.
Finalmente, era tempo de como referência da nossa terra, que o Comandante Carvalho Araújo fosse recordado como identidade Vila-realense viva, servindo de exemplo de coragem e determinação para os mais novos, pois só é recordado pela Liga do Combatente, em 9 de Abril de todos os anos.

Mário Lisboa

Edição
3831

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