Editorial - António Gonçalves Rodrigues

Casos e casinhos que se tornaram casarões

Ficou para a história a expressões dos “casos e casinhos” que o Primeiro-Ministro demissionário utilizou sobre os problemas legais que iam afetando elementos do seu executivo, há pouco menos de um ano.
Passados quase 12 meses, aquilo que se pôde verificar é que os casos e casinhos se tornaram autênticos casarões, ao ponto de terem custado ao país o Primeiro-Ministro eleito no âmbito de uma maioria absoluta do PS na Assembleia da Repúbica.


Camões e as decisões

Foi há precisamente oito dias que o Presidente da República anunciou que face à situação política do país iria convocar eleições pela segunda vez no seu mandato.
Se, na primeira, foi o impasse em torno da aprovação de um Orçamento para o país, esta segunda justificou-a com a demissão do Primeiro-Ministro, envolvido numa investigação pela Procuradoria-Geral da República. Uma demissão tendo por base escutas de terceiros que, alegadamente, implicavam António Costa.


A bomba atómica..

A escalada de tensão resultou no deflagrar da bomba atómica e lá vamos nós para eleições outra vez (provavelmente). Uma tensão escusada e que resulta de um choque de egos. O de António Costa e o de Marcelo Rebelo de Sousa.
Mais do que outra coisa qualquer, o pecado de António Costa foi o de ter enfrentado Marcelo Rebelo de Sousa, acossando-o. Cutucou a fera, criando mais tensão, em vez de esvaziar esse balão, criado com o caso Galamba.


De quem será a culpa?

A saúde está doente. O siagnóstico é velho. A cura é que tarda em aparecer.
Sindicatos médicos e Governo não se entendem, as urgências, um dos serviços mais básicos à população, vão soluçando ao sabor do vento.
Enquanto a guerra nos gabinetes prossegue, arrisca-se a fazer mortos e feridos, que ficam à porta da assistência prometida. Pelos vistos é assim em todas as guerras. Mas não tem dem ser.


A falácia do ambiente

A recente visita do Ministro da Economia, António Costa Silva, ao distrito de Bragança, permitiu ao Mensageiro de Bragança questionar este membro do Governo sobre o propalado aumento do preço do Imposto Único de Circulação (IUC).

A justificação é a “necessidade de descarbonizar a economia”, até fruto de um compromisso com a Comissão Europeia.

Ora, isso até faria sentido se, de facto, a eletricidade fosse uma energia “verde” (amiga do ambiente), sobretudo em termos de mobilidade.


Dar com uma mão, tirar com as duas

No anúncio do Orçamento de Estado para 2024, o Governo fez questão de garantir que serão devolvidos rendimentos às famílias portuguesas.
Parece que haverá uma reformulação dos escalões do IRS e que isso representa uma atualização de três por cento. Essa é a versão do copo meio cheio.
O problema é que a inflação deverá ficar nos 3,3 por cento. Portanto, acima do valor da atualização. Ou seja, uma perda real de rendimentos.
Mas, mais grave do que isso, é a questão do Imposto Único de Circulação.


Sinais..

Começou ontem, em Roma, a 16.ª Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos, sob a presidência do Papa Francisco.
O sínodo, palavra que entrou no ouvido desde que o Papa Francisco a impulsionou, significa ‘caminhar juntos’.
Esta Assembleia (terá uma segunda parte em 2024), decorre de 4 a 29 de outubro, com o tema “Para uma Igreja sinodal: comunhão, participação, missão” e espera-se que venha a ser tão revolucionária para a Igreja como foi o Concílio Vaticano II.


Pormaiores...

Recentemente, foi notícia que um em cada dois portugueses atualmente empregados sente que o seu salário não cobre todas as suas despesas, de acordo com o primeiro Barómetro Europeu sobre Pobreza e Precariedade, divulgado no início do mês.
De acordo com a notícia da Agência Lusa sobre o relatório do estudo realizado pela empresa Ipsos, a situação dos trabalhadores europeus é “muito preocupante, especialmente em Portugal e na Sérvia”.


A importância de ser...

Desde a escola primária que ouvimos falar da importância da agricultura, um dos pilares do setor primário da economia (a indústria no setor secundário e os serviços no setor terciário).
Mas parece que alguns dos nossos governantes faltaram às aulas em que se falou de economia, a julgar pelo tratamento dado aos agricultores, sobretudo aos transmontanos, nos últimos tempos.


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