Editorial - António Gonçalves Rodrigues

Recomeços

Com a entrada num novo ano, o de 2024 da nossa Era, fazem-se balanços e apontam-se caminhos. Muitos fazem resoluções, mais como bengala psicológica do que como caminho de facto a seguir (quantas vezes decidiu perder peso, fazer uma alimentação mais saudável ou ler ‘aquele’ livro?).
Na missa de Natal, o Papa Francisco lembrava que “dizer sim ao Príncipe da paz é dizer não à guerra, à própria lógica da guerra e a todas as guerras”.


O ser e o parecer

Se há crítica que se ouve diariamente à sociedade que fomos construindo é a da prevalência do parecer ao ser. Ou seja, as redes sociais têm promovido uma cultura assente no visual, no bem parecer, em detrimento de uma cultura baseada em valores de atuação.


Tempos de fartura

Ainda a folha das árvores não começou a cair e já pululam nas tvs anúncios a uma parafernália de bugigangas, fazendo crer os espetadores mais incautos que a sua vida não será mais a mesma sem eles. É assim que percebemos que o tempo do Natal está a chegar.
Numa sociedade que produz muito mais do que aquilo que necessita para a sua subsistência, a cultura do desperdício está em voga, consumindo, vorazmente, os recursos de um planeta que, até ver, é único.


Mudanças em perspetiva

Nos últimos dias, ficou mais ou menos evidente que haverá mudança no ciclo de poder no concelho de Bragança mais cedo do que o esperado. O presidente da Câmara, Hernâni Dias, deverá mesmo integrar a lista de deputados do PSD candidatados pelo distrito de Bragança nas próximas Legislativas de 10 de março.


Orçamento com cheiro a eleições

O Orçamento de Estado para 2024 foi aprovado ontem na Assembleia da República, como algumas medidas surpreendentes, como aquela de que lhe damos conta aqui ao lado, da redução do IVA (Imposto de Valor Acrescentado) das alheiras de 23 para 13 por cento.
A medida, proposta pelos dois deputados do PS eleitos por Bragança, já há vários anos que vinha sendo reivindicada mas nunca conseguida.
De fora ficou o restante fumeiro, nomeadamente chouriças, salpicões ou butelos, que são produtos feitos em larga escala pela Espanha, com um grande volume de exportações para Portugal.


Casos e casinhos que se tornaram casarões

Ficou para a história a expressões dos “casos e casinhos” que o Primeiro-Ministro demissionário utilizou sobre os problemas legais que iam afetando elementos do seu executivo, há pouco menos de um ano.
Passados quase 12 meses, aquilo que se pôde verificar é que os casos e casinhos se tornaram autênticos casarões, ao ponto de terem custado ao país o Primeiro-Ministro eleito no âmbito de uma maioria absoluta do PS na Assembleia da Repúbica.


Camões e as decisões

Foi há precisamente oito dias que o Presidente da República anunciou que face à situação política do país iria convocar eleições pela segunda vez no seu mandato.
Se, na primeira, foi o impasse em torno da aprovação de um Orçamento para o país, esta segunda justificou-a com a demissão do Primeiro-Ministro, envolvido numa investigação pela Procuradoria-Geral da República. Uma demissão tendo por base escutas de terceiros que, alegadamente, implicavam António Costa.


A bomba atómica..

A escalada de tensão resultou no deflagrar da bomba atómica e lá vamos nós para eleições outra vez (provavelmente). Uma tensão escusada e que resulta de um choque de egos. O de António Costa e o de Marcelo Rebelo de Sousa.
Mais do que outra coisa qualquer, o pecado de António Costa foi o de ter enfrentado Marcelo Rebelo de Sousa, acossando-o. Cutucou a fera, criando mais tensão, em vez de esvaziar esse balão, criado com o caso Galamba.


De quem será a culpa?

A saúde está doente. O siagnóstico é velho. A cura é que tarda em aparecer.
Sindicatos médicos e Governo não se entendem, as urgências, um dos serviços mais básicos à população, vão soluçando ao sabor do vento.
Enquanto a guerra nos gabinetes prossegue, arrisca-se a fazer mortos e feridos, que ficam à porta da assistência prometida. Pelos vistos é assim em todas as guerras. Mas não tem dem ser.


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