Eleições antecipadas de 2025, uma mistura explosiva de exclusão, demagogia, pobreza e charlatanice
Acaba de ser publicado no último número da Revista “ECCLESIA” um importantíssimo estudo da Cáritas Portuguesa no qual, ao longo de mais de quarenta páginas, esta prestigiada organização de solidariedade da Igreja Católica Portuguesa faz uma análise perfeita, atual e clara, da situação económica e social do país, estudo este cuja leitura, atenta e descomplexada, durante o longo período eleitoral que se adivinha, vivamente se recomenda a todos, muito especialmente aos/às candidatos/as que se preparam para uma intervenção, mais direta e responsável, nas atividades políticas da próxima campanha eleitoral.
1 – A dureza inquestionável dos números
Em 2024:
- 500 mil pessoas viviam em privação material e social severa;
- 266 mil não tinham capacidade para uma alimentação adequada;
- 649 mil não tinham capacidade para comprar roupa nova;
- 1 milhão de pessoas não tinham capacidade para gastar consigo próprias a mais pequena quantia que fosse;
- 1 milhão e seiscentas mil pessoas não tinham qualquer hipótese para aquecerem convenientemente as suas casas.
- Continua sem solução à vista o problema da multiplicação de situações estremas da privação de condições dignas de habitação;
- Volta a crescer exponencialmente o número de bairros da lata;
- Entre os anos de 2019-2023 duplicou o número dos sem abrigo e a sobrelotação habitacional teve um aumento desmesurado de 31%;
- A taxa de risco de pobreza dos trabalhadores é de 9%, 4% acima da Estratégia Nacional de combate à pobreza;
- A taxa de risco de pobreza estrema para as crianças é de 18%, 10% acima da percentagem aceitável.
2 – Consequências para o futuro próximo
A continuar assim, porque as estatísticas oficiais têm muita dificuldade em captar estas realidades, fatalmente, as consequências não se farão esperar, com especial incidência em áreas como a transmissão intergeracional da pobreza, a deficiente escolaridade dos pais potenciar a probabilidade de os filhos viverem numa situação de pobreza, o aumento muito relevante dos pedidos de apoio por parte dos imigrantes e o retrocesso no combate à pobreza em áreas vitais como a educação, a saúde, a habitação, e a alimentação.
3 -Parar para pensar
Perante a evidência destes números, não resta qualquer margem de manobra aos candidatos a deputados, para poderem continuar a usar o tempo das campanhas eleitorais e os proventos que delas lhes podem advir, para fazer o seu auto elogio, abusar da paciência dos eleitores e a imitar os antigos vendedores de banha da cobra, andando como eles de rua em rua, de feira em feira, de terra em terra ou de comício em comício, tendo como único objetivo manter os suas cadeiras no parlamento pelo tempo suficiente para conseguirem uma reforma dourada, nem que para isso, com laivos da mais reles charlatanice e despudorada demagogia, tenham estar sentados e sem abrirem a boca, durante todo o tempo dos mandatos a vender ilusões e a prometer tudo a todos, quando já sabem que não podem, nem nunca poderão, dar nada a ninguém.