A opinião de ...

O VOTO NO(S) SEGUNDO(S)

O neurocientista Joe Paton confirmava-me, apresentando razões e fundamentos científicos o que uma reflexão sobre o nosso dia a dia facilmente nos mostra: A maioria das nossas decisões não resulta de nenhum processo racional, antes decorre de opções meramente ou maioritariamente emocionais. E não só as normais e comezinhas escolhas diárias, como igualmente as de grande impacto na nossa vida, como a compra de casa e a escolha de uma profissão, disse ele, a filiação partidária e o voto em eleições, acrescento eu.

Ainda não decidi em que partido vou votar mas, tal como milhões de outros portugueses, não vou ler e muito menos refletir e analisar detalhadamente os vinte e um programas dos partidos candidatos. O voto nem sempre é feito com a convicção de recair no partido vencedor. Há, felizmente, para lá de aspetos afetivos, uma perceção, construída ao longo do tempo, do “uso” que os destinatários farão com a confiança que, com o voto, lhe entregamos.
Felizmente, este ano, não votarei em Bragança. Porque, emocionalmente, seria fortemente motivado a colocar a cruzinha à frente do PDR de Marinho e Pinto. Não pelo seu líder, cujo populismo pouco me diz e a sua passagem pelo Parlamento Europeu não foi, como prometeu em campanha, exemplar. Fá-lo-ia sim, para reforçar a voz incómoda, mas assertiva, frontal e corajosa do meu velho e grande amigo Manuel António Gonçalves Vitorino.

Obviamente que, racionalmente e perante o histórico e as sondagens, facilmente se percebe que o Manuel António não tem qualquer hipótese de ser eleito. Honesta e logicamente os três lugares disponíveis serão disputados apenas pelo PSD e PS. Estas formações têm, no distrito um núcleo duro que vota sempre no mesmo partido, qualquer que seja o candidato e que lhes assegura, sem sobressalto, a eleição do cabeça de lista.

Arrumada essa questão, a verdadeira escolha do resto do eleitorado passa pelo segundo da lista. Ora, com o afastamento de José Silvano da lista distrital (obviamente que as picardias internas de que foi alvo tinham exatamente esse objetivo) o PSD perdeu, em definitivo, uma voz que, pelo seu cargo atual, muito poderia contribuir para o necessária e cada vez mais urgente combate pela região. Bem melhor andou o PS.

Ao escolher Berta Nunes para figurar a seguir a Jorge Gomes, veio demonstrar o empenho na defesa dos interesses regionais. Pode-se concordar ou discordar das opções, ideias e, mesmo, da atuação da ainda autarca de Alfândega da Fé. Mas não há forma de lhe negar uma vontade firme, uma constância permanente, uma persistência sem desfalecimento na defesa e entrega ao serviço público, e a incansável defesa dos interesses dos cidadãos que lhe confiaram o seu voto ao longo das dezenas de anos que leva de dedicação à causa comum.

Estou certo que, em 2019, fruto de uma escolha acertada, para o segundo lugar, sem qualquer demérito para quem vai em primeiro, o Partido Socialista vai ter, em Bragança, um resultado histórico, em eleições legislativas!

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