Mirandela

Posto do INEM causa prejuízo anual de 60 mil euros aos bombeiros voluntários

Publicado por Fernando Pires em Sex, 2024-04-26 10:23

A Associação dos Bombeiros Voluntários de Mirandela tem um prejuízo mensal de cinco mil euros com as viaturas do Instituto Nacional de Emergência Médica, instaladas no quartel da corporação.

A revelação é do presidente da direção daquela associação, que considera desastroso o protocolo assinado, em outubro de 2021, entre a Liga dos Bombeiros Portugueses e o INEM sobre os valores atribuídos às corporações para subsidiar a atividade pré-hospitalar no âmbito do sistema integrado de emergência médica.

Sílvio Santos afirma, sem rodeios, que o protocolo “é escandaloso” para os bombeiros. “As associações humanitárias têm as viaturas INEM instaladas nos seus quartéis, simplesmente pela responsabilidade social que têm para com as populações, porque financeiramente são caóticos”, adianta.

“O INEM atribui mensalmente uma verba fixa à nossa associação de 4890 euros. Faturamos mensalmente ao INEM, uma média de 7000 euros, o que totaliza cerca de 12000 euros. Se considerarmos que para garantir o serviço 24 horas por dia, em duas viaturas, temos de ter, no mínimo, dez trabalhadores efetivos para o efeito, não é difícil perceber que todos os meses temos prejuízo, porque ainda temos de suportar os custos com combustível, pneus, reparações e consumíveis diários”, explica.

Sílvio Santos entende que com este protocolo o Estado, através do INEM, “está a lesar as associações” e pode mesmo “colocar em causa a qualidade na prestação de serviços”.

Para o presidente da corporação, o Estado está a valer-se da responsabilidade social que os bombeiros têm para com as populações e dessa forma ser um entrave a possíveis formas de luta das corporações. “A vontade que dá é de parar, mas nenhuma direção tem coragem para mandar o INEM embora, pela responsabilidade social que têm”, assume.

Recorde-se que este protocolo foi assinado pelo ex-presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, Jaime Marta Soares.
O atual líder, António Nunes, já defendeu publicamente, a necessidade de haver um reajustamento das verbas atribuídas às corporações de bombeiros no âmbito do sistema integrado de emergência médica.

Hospitais devem meio milhão de euros

A dívida das várias entidades do Ministério da Saúde à Associação dos Bombeiros de Mirandela pelo transporte de doentes não urgentes, já atinge perto de 500 mil euros. “Não é difícil, estarem cerca de 400, 500 mil euros para receber ainda, desde o INEM, unidades locais de saúde, hospitais como o Santo António, e o São João, no Porto, o hospital de Coimbra e outros”, revela Sílvio Santos.

O problema nem é tanto a questão da dívida, mas sim a irregularidade com que ela é paga, dificultando a gestão de tesouraria, acrescenta.

A somar a este problema, Sílvio Santos entende que os apoios do Estado são cada vez mais escassos para fazer face às inúmeras despesas que a corporação já tem de suportar, em particular com a folha salarial dos operacionais que ascende a cerca de 500 mil euros anuais, e com os combustíveis, cuja fatura anual ronda os 250 mil euros. “A associação de Mirandela recebeu em 2023, qualquer coisa como nove mil euros mensais fixos do estado, estamos a falar de 108 mil euros anuais, mas não podemos esquecer que a associação tem a responsabilidade social de manter os seus trabalhadores, mas também manter um corpo de bombeiros que não tem um retorno financeiro para a associação”, lembra.

Escassos são também os apoios do Município de Mirandela. “Neste momento, esse apoio consiste na remuneração de metade dos salários dos 15 elementos das três equipas de intervenção permanente e, desde 1998, uma comparticipação para cinco elementos da central de telecomunicações, que é transversal ao nível do país, e resume-se a isso”, afirma.

O presidente da direção dos bombeiros de Mirandela não tem dúvidas que seria de “elementar justiça” um maior apoio financeiro por parte da autarquia liderada por Júlia Rodrigues.

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