Álvaro Mendonça

A Agricultura XII – O mata-porco

Algumas culturas têm o costume de agradecer, verbalizando, o sacrifício dos animais que consomem. Não é o nosso caso, mas não deixa de o ser: a forma como os animais eram tratados, os cuidados alimentares e de conforto nas suas lojas (com palha no chão, para o manter seco) associado ao aproveitamento escrupuloso de todas as peças, com a produção dos produtos derivados, mostra haver uma cultura de respeito para com estes animais.


A Agricultura XI - O reco.

Se todos os animais da exploração merecem a nossa reverência e agradecimento, o reco estará num dos lugares de destaque. Gostaria que nunca me fosse pedido para os elencar, pois seria um trabalho de grande melindre. Os animais maiores, com o seu trabalho, ovelhas e cabras com queijo, leite lã, a criação com ovos e a sua elasticidade de produção…E, no entanto, como não distinguir o reco?


A Agricultura X- Fenos, pastos e animais

Havia ainda culturas de Outono-Inverno e de Primavera-Verão destinadas à alimentação dos animais, as ferrãs (aveia, cevada) que eram cortadas em verde, por Fevereiro a Abril. As milharadas, para consumo em verde, eram também vulgares, mas mais frequentemente destinadas à produção de grão para as aves de capoeira. O milho em Trás-os-Montes era uma fracção do que era produzido nas regiões litorais.


A Agricultura IX – Lameiros, freixos e feno

Eram árvores obstinadas, os freixos, com séculos de vida, mas ocasionalmente, se faziam estorvo, era preciso derrubar um, e era um espectáculo impressionante. Começava-se por atar uma corda da carreixa ao topo do freixo; era um dos rapazes mais ágeis que o fazia, e esgalhava o freixo na descida: folhas para os animais e lenha para o sequeiro. Entretanto meia dezena de homens cavavam uma vala à volta do toro, ao ferro e pá, com um metro de profundidade, até expor algumas raízes fortes, que se cortavam à força de machada.


A Economia V – A feira de ano

Dias antes já se pensava na feira de ano. Quase sempre implicava uma romaria, e por isso tinha uma atenção própria e uma logística mais complicada. Eram quase sempre nos centros urbanos maiores, ou mais raramente em locais marcados pela Santa da Romaria. Não há muita diferença entre estas Romarias com feira e outras já faladas. A dimensão do conjunto é certamente maior. A feira de gado, que muitas vezes havia, era também mais ampla, como a feira geral. O seu conjunto implicava uma festa polivalente. O fogo de artifício estava sempre ligado à festa religiosa.


A Agricultura VIII - Lavoura e lameiros

O trabalho das hortas, como dos restantes terrenos, começava na lavoura e esta tinha muito que dizer. Se algumas hortas mais pequenas eram cavadas à mão, a generalidade, recorria à tracção animal. Uma burra, uma vaca ou juntas de vacas e machos ou mulas, eram a regra para os terrenos de maiores dimensões. Quem os tinha trabalhava para os demais, à jeira, por permuta de serviços ou simplesmente por solidariedade. De qualquer forma a lavoura era muito demorada e era um serviço pesado. Na época, a área utilizada regional era muito superior à actual e era toda feita sem mecanização.


A Economia VI - As hortas a)

Na disponibilidade aparente da economia familiar extinguia-se a abundância. As terras disponíveis eram utilizadas ao extremo dentro de uma “tecnologia inexistente” adaptada às necessidades e possibilidades. O mínimo que se pode dizer é que as explorações eram diminutas e muito parceladas, o que dificultava muitíssimo a produção. Ainda hoje assim é.


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