TORRE DE MONCORVO

Homem esperou mais de uma hora por socorro do INEM que teve de vir do distrito da Guarda

Publicado por António G. Rodrigues em Qui, 2022-07-28 11:01

Um homem, com cerca de 30 anos, teve de esperar mais de uma hora pelo socorro do INEM depois de ter partido uma perna na aldeia de Peredo dos Castelhanos, no concelho de Torre de Moncorvo, na passada sexta-feira.

O homem, trabalhador de uma empresa produtora de vinhos, sofreu uma dupla fratura por volta da hora de almoço quando uma das paletes que manuseava se partiu e o atingiu.

Contactado o 112, teve de aguardar mais de uma hora que o socorro chegasse, proveniente de Figueira de Castelo Rodrigo, no distrito da Guarda.

Isto porque a ambulância de Socorro Imediato de Vida (SIV) do INEM estacionada no Posto de Emergência Médica dos bombeiros de Moncorvo estava ocupada com outra ocorrência e a ambulância de reserva não estava disponível.

O homem acabou por ser encaminhado para o hospital de Bragança, onde acabou por ser operado no sábado de manhã.

Contactado pelo Mensageiro, o INEM prometeu uma resposta sobre esta situação, que não chegou até ao fecho desta edição.

Já Rui Mário Lázaro, presidente do Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-hospitalar, não esconde a indignação com a falta de meios do INEM.

“Já há muito tempo que alertávamos para a falta de ambulâncias e escassez de meios no distrito de Bragança, sobretudo numa altura de incêndios”, sublinhou.

O tema já tinha sido denunciada numa entrevista recente ao Mensageiro de Bragança.

Rui Mário Lázaro, curiosamente natural de Torre de Moncorvo, antevê dificuldades acrescidas nas próximas semanas.. “É previsível que ainda venha a piorar no mês de agosto”, frisou, pois ao aumento de população no território com a chegada dos emigrantes que vêm passar férias, junta-se o período crítico de incêndios, que obriga a alocar mais meios dos bombeiros para o combate aos fogos. “O presidente do INEM já anunciou que haverá um reforço de meios no início de agosto. Mas, tanto quanto sei, o distrito de Bragança não será contemplado”, revelou.

Ao Mensageiro, o INEM também não respondeu a esta questão.

 

Ocorrências aumentam em 2022

No entanto, esta situação não é única. Já no final de 2021, os bombeiros de Bragança tiveram de acorrer a várias chamadasno concelho de Vinhais por indisponibilidade dos meios locais. Em duas das situações, as vítimas acabaram por falecer.

Já este ano, o número de ocorrências disparou, o que tem contribuído para entupir as urgências do hospital de Bragança.

Ao que o Mensageiro apurou, a média de saídas de emergência dos bonbeiros da capital de distrito rondava as 270 por mês e, este ano, supera largamente as 300.

No mês de maio atingiu-se o pico, com 385 saídas, quando no mesmo mês do ano anterior tinham sido 293.

Esta tendência foi refoçada desde que se verificou a aposentação de vários médicos de família no distrito, que deixou milhares de pacientes a descoberto.

Também no serviço de obstetrícia volta a haver constrangimentos, à semelhança, aliás, do que acontece no resto do país.

Segundo foi possível apurar, as urgências de obstetrícia são reencaminhadas para Vila Real ao longo de toda esta semana devido à baixa de uma médicas.

Entre segunda e sexta-feira, esteve apenas disponível uma clínica no serviço de obstetrícia, o que impossibilita a realização de procedimentos cirúrgicos (partos ou cesarianas, por exemplo), pois estes procedimentos exigem a presença de dois médicos.

O serviço deverá ficar funcional durante o fim de semana, com recurso a médicos tarefeiros.

Ao Mensageiro, a ULS confirma poder haver constrangimentos “em alguns dias das próximas semanas”, no atendimento urgente, nomeadamente em caso de necessidade de intervenção cirúrgica.

FOTO: DR

 

 

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