Riscos encarnados
Nunca se falou tanto de linhas vermelhas como agora.
Nunca se falou tanto de linhas vermelhas como agora.
Provavelmente por causa do cinquentenário, quiçá porque ameaças que nessa altura julgávamos estarem definitivamente arredadas e sem caminho de retorno, o certo é que nestes tempos mais próximos tenho regressado, de forma recorrente a Bragança de há cinquenta anos, invariavelmente à Praça da Sé, com paragem obrigatória no Chave D’Ouro, no Flórida e no Cruzeiro, com passagens episódicas pelo Poças e Moderno.
ercebi a importância do assunto na forma como a secretária da Presidente da Fundação Champalimaud me comunicou que a Dr.ª Leonor Beleza queria falar comigo no dia seguinte, mas apesar de querer que eu fosse ao seu gabinete, logo de manhã, não era urgente pois, ao contrário de outras ocasiões, não quis adiantar nada ao telefone – tinha de ser pessoalmente. A ser recebido no seu gabinete, antes de qualquer outra tarefa da sua exigente e preenchida agenda entendi os “misteriosos” contornos desta inédita convocatória:
Quando o lobo veste a pele de cordeiro não será, certamente, para defender o rebanho. Mal irá o pastor que o acolha a julgar só pela aparência. No mínimo terá de o observar com desconfiança e mantê-lo debaixo de olho pois por baixo da lanífera capa de dócil ruminante continua o pelo eriçado da fera carniceira.
Na edição 3845 de 12 de agosto de 2021, deste mesmo jornal, Mensageiro de Bragança, pouco tempo antes das eleições autárquicas desse ano, dei notícia de um fragmento de conversa tida, alguns dias antes, com um dos apoiantes do presidente e recandidato à Presidência da Câmara de Moncorvo. Assegurava o meu interlocutor que um dos vetores para a reeleição passava pelo preenchimento de doze vagas no quadro de pessoal do município. Perante a minha estranheza assegurou-me que, não só, era o que todos faziam, como, era sabido, resultava.
“Nem mais um cêntimo” sentenciou Luís Montenegro, sinalizando o ato de fechar a torneira ao crescendo de exigências que, é bom não esquecer, foi aberta em campanha eleitoral sem ter havido qualquer referência ao limite máximo da admissibilidade para a concretização das aspirações e ensejos, à correção de injustiças e disparidades. É sabido que a retórica eleiçoeira se baseia na necessidade de não ficar diminuído no leilão de oferta de benesses muitas vezes irrealistas, sobretudo quando trazidas a terreiro por quem, por razões sabidas, sabe que não lhe vai ser exigido cumpri-las.
oi pública e evidente a incomodidade com que os deputados encararam o exercício do direito ao silêncio de alguns dos cidadãos chamados a depor na mais recente Comissão Parlamentar de Inquérito constituída para indagar e (supostamente) esclarecer o que efetivamente antecedeu o tratamento milionário das duas gémeas brasileiras. O desagrado parlamentar, porém, foi, notoriamente, seletivo. Apesar de alguns remoques, pouco mais que retóricos, a Comissão foi muito compreensiva para com Lacerda Sales. Estranhamente.
A qualquer português de bom senso não passa despercebida a degradação a que se assiste no espaço público a que nem os mais importantes órgãos de soberania escapam. E, porém, quando parecia ter-se atingido o fundo eis que aparece quem, gostando de chafurdar escava mais um pouco e coloca mais abaixo a fasquia já tão baixa que se julgaria impossível descer um pouco mais.
Na campanha para o Parlamento Europeu, Pedro Nuno Santos, comentando e criticando o Plano do Governo para a Saúde, acusou a AD de querer destruir o SNS (questão antiga, alinhada com o pensamento dos antigos parceiros da Geringonça de que foi ator relevante), com o intuito de entregar toda a estrutura nacional de saúde aos privados. O Secretário Geral do PS preconizou que, dentro de algum tempo, com a prossecução desta política, os portugueses ficarão extremamente limitados nas suas opções, quanto aos cuidados de saúde, em todos os seus aspetos.