José Mário Leite

Visão política

Não fui nem sou apoiante de Pedro Santana Lopes. Mas, mesmo não lhe identificando capacidade para liderar os destinos da capital e, muito menos, os do país, não se pode ignorar o seu óbvio “faro político”, a sua natural intuição e, sobretudo, a sua brilhante inteligência que, aliás, lhe foi, justamente, reconhecida por Sá Carneiro. A propósito da sua candidatura, independente, à Câmara da Figueira da Foz deu, recentemente, na SIC, uma verdadeira lição que deveria ser devidamente escutada e analisada pelos candidatos que, nesta altura, pululam por este nosso Portugal.


O Castelo? Não, obrigado

O cartaz, nos principais eixos rodoviários de acesso à vila, bem como a página oficial do município e os vários vídeos promocionais, não deixavam qualquer dúvida: 365 dias à sua espera! Por isso, quando um dos diretores da Gulbenkian (o decano da direção daquela Fundação) perguntou se havia alguma altura preferencial para visitar os excecionais frescos da Ermida da Senhora da Teixeira, a resposta foi óbvia: Não. Qualquer um dos 365 dias do ano é um bom dia. Contudo, como o seguro morreu de velho, o meu amigo pediu que confirmasse.


Malhar na Direita

Santos Silva, o Augusto ministro dos negócios estrangeiros, que já foi ministro de quase tudo deixando neles um rastro de quase nada, celebrizou-se por gostar de malhar na direita. Mas nem sempre, nem em toda. Malhar na direita, com gosto, se esta for interna e na oposição e, apenas de “garganta”. Se for a sério e numa direita externa e com poder, já não pode ser!


A Outra Medalha

Ana Teresa Tavares é investigadora do CEDOC (Centro de Estudos de Doenças Crónicas da Universidade Nova de Lisboa) e do ISPA (Instituto Superior de Psicologia Aplicada, igualmente de Lisboa). Conheci-a há perto de uma vintena de anos, era ela ainda estudante do Programa Gulbenkian de Doutoramento em Biomedicina, orientado pelo professor António Coutinho e que era, na altura, conhecido como o Programa dos Superdoutores. Fez o seu primeiro pós-doutoramento no IGC (Instituto Gulbenkian de Ciência), onde convivemos durante alguns anos.


O Risco e o Medo

No início de 2018, precisamente dois anos antes da declaração da Pandemia Covid19 pela OMS, foi publicado o livro FACTFULNESS escrito pelo médico sueco Hans Rosling (falecido em 2017), em co-autoria com o seu filho Ola Rosling e a sua nora Anna Rosling Rönnlund. A partir da Base de Dados, elaborada pelo trio através da Fundação Gapminder, o consultor e especialista em Saúde e Desenvolvimento disserta sobre a atualidade e sobre o futuro próximo, tanto quanto é possível prever, com alguma certeza.


Espelhos e Janelas

Alexandre Quintanilha, cientista, fundador do IBMC, no Porto e deputado socialista, em discurso recente, na Assembleia da República, apontou a mentira como o maior inimigo da democracia. Sobretudo nos momentos de crise porque a mentira é sempre assertiva, nunca tem dúvidas e, sobretudo, porque se baseia na ignorância e explora as fragilidades de quem a ouve. É ainda muito perigosa porque esconde interesses poderosos, políticos, ideológicos e económicos.


A Cultura e a Pandemia

Quando a Covid 19 nos invadiu e tomou de assalto as nossas vidas, apanhou de surpresa tudo e todos não deixando de lado, obviamente, os autarcas e demais dirigentes regionais. Atarantados, como todos nós, reagiram, a seu modo, pensando fazer o melhor, suponho e facilmente lhes concedo tal crédito, tomando medidas que lhes pareceram adequadas, óbvias, intuitivas, mais fáceis, melhor entendíveis pela população que representam. Tendo sido adotadas, de supetão e inesperadamente, nem todas terão sido as mais adequadas. Seria fácil criticá-las, mas não seria justo. Não vou por aí.


O 4 e o 5 (entre o 8 e o 80)

Há um ano era proclamado, em Portugal, o primeiro Estado de Emergência da nossa Democracia. Perante um inimigo terrível, invisível e dramaticamente eficaz, surgiu entre todos, sem quaisquer exceções, dignas de monta, um consenso sobre a necessidade de recorrer a todas as armas disponíveis para fazer frente a tão poderosa ameaça. Esta união e consenso, à volta da defesa, perante a ameaça, justificavam-se por causa do terror com que éramos fustigados, todos, por igual. Mas, com o andar do tempo desfez-se a unanimidade precisamente porque o primeiro dos pressupostos não se manteve.


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